Reflexos e Reflexões...

HELEIETH SAFFIOTI


"A discriminação contra a mulher e o negro no Brasil é socialmente construída para beneficiar quem controla o poder econômico e político. E o poder é macho e é branco."



terça-feira, 30 de agosto de 2011

JUVENTUDE, EDUCAÇÃO E TRABALHO

Nos dias 20 e 21 de Agosto de 2011 na cidade de Feira de Santana participei de mais um curso de formação do PROJOVEM URBANO, programa do governo federal que tem como finalidade reinserir jovens de 18 a 29 anos de idade no espaço escolar, e elevar o seu grau de escolaridade, tudo isso visando contribuir com o desenvolvimento humano e o exercício da cidadania por meio da conclusão do Ensino Fundamental, Qualificação Profissional e Participação Cidadã.
Esse curso foi direcionado aos profissionais de diversas áreas de formação que atuam na dimensão curricular do programa voltada para a Qualificação Profissional. Estiveram reunidos profissionais das áreas de Saúde, Engenharia, Biologia, Nutrição, Sistema de Informação, Arquitetura entre outras.
Esses dois dias de formação foram pautados na discussão sobre Qualificação Profissional – O Trabalho como princípio Educativo e Fundamentos Concepções e Princípios da Qualificação Profissional no PROJOVEM mediado pelos formadores da UNEB. No segundo momento foi realizada a troca de experiências entre os monitores dos diversos Arcos Ocupacionais do programa.
Nesse momento alguns monitores compartilharam suas vivências, dificuldades, avanços e possibilidades para desenvolver as atividades que capacitem os jovens estudantes do PROJOVEM URBANO em sua formação na Qualificação Profissional. No contexto geral as dificuldades apresentadas foram basicamente às mesmas, falta de recursos materiais para realizar as atividades vinculadas a cada arco ocupacional, falta de transporte para facilitar as visitas técnicas em locais muitas vezes distantes do espaço escolar e a evasão dos estudantes.
Foi possível perceber a partir dos trabalhos apresentados que mesmo diante dos entraves que permeiam o programa, muitos monitores têm conseguido avançar e promover atividades que permitem aos jovens, enquanto cidadãos, vivenciar a relação TEORIA x PRÁTICA possibilitando uma formação crítico-reflexiva sobre o mundo do trabalho e sua inserção social/econômica/política.
COMPARTILHANDO EXPERIÊNCIAS...
A Enfª Micheline do núcleo de Paulo Afonso relatou que mesmo sem laboratório conseguiu trabalhar os conteúdos do material didático do Arco Ocupacional Saúde através da realização das palestras de Educação em Saúde e Visitas Técnicas nos Serviços de Saúde do município. Os estudantes se relacionaram com autonomia nas discussões com vários profissionais da saúde e se apropriaram de temas da saúde que fazem parte do seu cotidiano desenvolvendo ativamente a troca de saberes entre todos os atores envolvidos no processo.

Conseguimos desenvolver no PROJOVEM pólo de Itaberaba onde ministro a disciplina Qualificação Profissional no Arco Ocupacional Saúde, a integração Teoria x Prática x Participação Social a partir dos conteúdos de Formação Técnica Geral – FTG. Esta integração se materializou com as reflexões sobre o mundo do trabalho, emprego, trabalho formal e informal, cooperativas e a situação do mercado de trabalho para os jovens, homens e mulheres. Foi realizada uma visita técnica na Cooperativa do Abacaxi em Itaberaba onde os jovens conheceram na prática o que é uma cooperativa e como se desenvolve o processo de trabalho na mesma, estabelecendo uma relação com o conteúdo teórico.  A discussão em sala de aula sobre a realidade do mercado de trabalho para jovens – homens – mulheres contribuiu para um debate de gênero entre os estudantes e possibilitou aos mesmos desenvolver um Ciclo de Palestras abordando a temática de gênero no espaço escolar e promovendo uma ação social-cidadã ao discutir questões de etnia, gênero, saúde, trabalho e cuidado.
O Arquiteto Carlos relatou sobre seu trabalho no núcleo/município de Santo Antonio de Jesus, compartilhou sobre suas limitações de recursos para trabalhar o Arco de Construção e Reparos e o desafio de conseguir possibilitar aos jovens uma noção básica de marcenaria. O que mais conta na sua ação é o resgate da cidadania que ele tem promovido através da sua prática a um jovem usuário de crack que tem se distanciado do mundo do tráfico, transformando a sua realidade e perspectiva de futuro.
A inclusão escolar dos surdos/mudos no PROJOVEM em Valença e o esforço das monitoras Nieide e Sonaide que conseguiram junto a rede Básica de Ensino uma interprete de LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) para acompanhar os surdos em sala e nas visitas técnicas e demais atividades do Arco Saúde. Como também o companheiro Lima do Arco Saúde em Jacobina-Ba que junto com os estudantes aplicaram na prática as discussões da sala de aula, aliando Educação e Ação Social ao trabalhar com as crianças da APAE em seu município e ainda promoveu a integração entre os estudantes do PROJOVEM e os surdos/mudos da Rede Básica de ensino demonstrando que a comunicação é universal e que as diferenças podem ser superadas como princípio de cidadania.
Essas experiências demonstram que a Qualificação Profissional tem o Trabalho como Principio Educativo, a proposta do PROJOVEM no âmbito da Qualificação Profissional se estrutura com o objetivo de capacitar esses estudantes para refletir e atuar no mundo do trabalho a partir da experiência com o trabalho e no curso da apropriação dos saberes socialmente construídos, o sujeito pode reconstruir a história e potencializar a ação transformadora.
As ações práticas fomentadas por cada arco ocupacional se articula com a Educação que segundo SANTOS & BLENGINI, (2010) é mediação fundamental para que se construa uma nova sociedade, pautada nos princípios da universalidade, da importância e do direito do bem público, e da democracia.
 Saviani, (1986) afirma que na verdade, todo sistema educacional se estrutura a partir da questão do trabalho, pois o trabalho é à base da existência humana, e os homens se caracterizam como tais na medida em que produzem sua própria existência, a partir de suas necessidades. Trabalhar é agir sobre a natureza, agir sobre a realidade, transformando-a em função dos objetivos, das necessidades humanas. A sociedade se estrutura em função da maneira pela qual se organiza o processo de produção da existência humana, o processo de trabalho.
Acreditamos que essas práticas realizadas pelos jovens inseridos no PROJOVEM integrando TRABALHO – EDUCAÇÃO – AÇÃO SOCIAL tem imponderado os mesmos a construir um pensamento crítico-reflexivo sobre o mundo do trabalho, educação e seu próprio processo de formação nas várias dimensões, colocando-os como sujeito que pensa sua situação enquanto cidadão de direitos, ampliando sua visão política ainda que o próprio programa não fomente as suas propostas com vistas a facilitar e contribuir efetivamente na formação desses jovens e o mercado de trabalho atual aponte pra outra direção.
Assim os monitores demonstram que superar barreiras é característica do nosso contexto educacional, sendo possível sim realizar atividades político-pedagógicas baseadas em metodologias inovadoras dentro de um pensamento emancipatório de inclusão, tendo o trabalho como princípio educativo; o direito ao trabalho como um valor estruturante da cidadania; a qualificação profissional como uma política de inclusão social a partir do trabalho decente para homens e mulheres com efetivo impacto para a vida e o trabalho das pessoas.
Enfª Micheline (Monitora PROJOVEM/Arco Saúde/Paulo Afonso-Ba)
 Atividade de Educação em Saúde

Estudantes PJU/Paulo Afonso
Visita Técnica no Serviço de Saúde

Enfª Luanna (Monitora PROJOVEM/Arco Saúde/Itaberaba-Ba)
 e Estudantes do PJU 
Realização do Ciclo de Palestra
"MULHER, QUAL O SEU PAPEL?"

Vanusa Guerra Estudante do PROJOVEM
 núcleo Itaberaba-Ba
Abertura do Ciclo de Palestras

Estudantes do PJU/Itaberaba-Ba..
.Atenção nos temas discutidos!!!

Cooperativa dos Produtores de Abacaxi de Itaberaba


Estudantes do PJU/Itaberaba-Ba
 conhecendo a Cooperativa e o
 Processo de Trabalho

Estudantes do PJU/Jacobina-Ba
Atividade Educativa na APAE

Integração Estudantes do PJU e APAE

Estudantes do PJU/Arco Saúde/Jacobina-Ba
Processo de Trabalho no Serviço de Saúde.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

A SOCIEDADE DO ESPETÁCULO




          Para quem acompanha e curte o TEATRO MÁGICO amanhã dia 30 de Agosto de 2011, a partir das 15hs estréia no canal oficial do Teatro Mágico no youtube o clipe da canção “Amanhã...será?” do mais novo trabalho da trupe intitulado “ A Sociedade do Espetáculo” nome da obra do autor francês Guy Debord, a mesma foi publicada pela primeira vez em 1967 e todos os acontecimentos do revolucionário ano de 1968 tornaram a obra imensamente conhecida, esta versa sobre a IMAGEM enquanto elemento organizador da SOCIEDADE do CONSUMO transformando a realidade em ficção e vice-versa.

         O novo álbum completa a triologia do grupo iniciada com  “Entrada para Raros (2003) que resgata um humanismo individual, “Segundo Ato” (2008) onde as composições escolhidas colocam em debate o homem e a sociedade na qual vive e “A Sociedade do Espetáculo”(2011) apresenta letras e melodias que vem trazer o questionamento do mundo em que vivemos hoje.

         Segundo Fernando Aniteli líder do grupo a letra da canção “Amanhã...será? tem como fonte inspiradora as mobilizações populares em países do Oriente Médio, na Espanha e no Brasil, a canção “O mundo não vale o mundo meu bem” traz uma pegada Drumondiana. Entre os temas do novo disco que terá 16 canções e três vinhetas, contam-se menções simpáticas ao Movimento Sem-Terra, referências às revoltas populares no Oriente Médio, críticas à "heterointolerância branca" de nossa sociedade, canções suavemente feministas, e assim por diante.
        O Teatro Mágico continua sua proposta de trabalho chegar à cidade para discutir seu cotidiano político/cultural e causar em todos uma verdadeira catarse!!!

Alguns trechos do livro “A Sociedade do Espetáculo” (Guy Debord, 1967)

PARA REFLETIRMOS...

“...as imagens fluem desligadas de cada aspecto da vida e fundem-se num curso comum, de forma que a unidade da vida não mais pode ser restabelecida...”

“...o espetáulo é ao mesmo tempo parte da sociedade, a própria sociedade e seu instrumento de unificação...”

“O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediatizada por imagens...”

“A alienação do espectador em proveito do objeto contemplado (que é o resultado da sua própria atividade inconsciente) exprime-se assim: quanto mais ele contempla, menos vive; quanto mais aceita reconhecer-se nas imagens dominantes da necessidade, menos ele compreende a sua própria existência e o seu próprio desejo...”

“O trabalhador não produz para si próprio, ele produz para um poder independente. O sucesso desta produção, a sua abundância, regressa ao produtor como abundância da despossessão. Todo o tempo e o espaço do seu mundo se lhe tornam estranhos com a acumulação dos seus produtos alienados...”

“É pelo princípio do fetichismo da mercadoria, a sociedade sendo dominada por «coisas supra-sensíveis embora sensíveis», que o espetáculo se realiza absolutamente..”

“Nosso tempo, sem dúvida... prefere a imagem à coisa, a cópia ao original, a representação à realidade, a aparência ao ser... O que é sagrado para ele, não passa de ilusão, pois a verdade está no profano. Ou seja, à medida que decresce a verdade a ilusão aumenta, e o sagrado cresce a seus olhos de forma que o cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sagrado”. (Feuerbach — Prefácio à segunda edição de A Essência do Cristianismo)





Amanhã Será?

Se aliança dissipar
E sentença for só desamor!
A tormenta aumentará!
Quando uma comunidade viva!
Insurrece o valor da Paz,
Endurecendo ternamente!

Todo biit, byte , e tera...
Será força bruta a navegar,
Será nossa herança em terra!

Amanhecerá!
De novo em nós!
Amanhã, será?

Amanhecerá!
De novo em nós!
Amanhã, será?

O "post" é voz que vos libertará
Descendentes tantos insurgirão
A arma, o réu, o véu que cairá
Cravos e Tulipas bombardeiam
Um jardim novo se levantará.
O Jasmim urge do solo sem medo.

O sol reclama no Oriente.
Brada a lua que ilumina.
Rebelando orações e mentes.

Amanhecerá!
De novo em nós!
Amanhã, será?

sábado, 6 de agosto de 2011

19 ANOS DO DIA DA MULHER NEGRA


Na sociedade machista, patriarcal, racista e capitalista em que vivemos a situação da mulher tem sido de opressão, violência, racismo e desvalorização do seu papel enquanto cidadã. No que se refere à mulher negra, esta é ainda subjugada e excluída socialmente.

Para refletirmos um pouco melhor a situação da mulher e em especial da mulher negra em nossa sociedade ao longo de nosso processo histórico, compartilho com vocês este artigo originalmente publicado no Jornal A Tarde, no dia 25 de Julho de 2011. Escrito pela Vereadora, presidenta municipal do PT e presidenta da Comissão de Reparação da Câmara Municipal de Salvador, MARTA RODRIGUES.



19 ANOS DO DIA DA MULHER NEGRA

Julho é mês de celebração, de luta e resistência. A “independência” do Brasil foi alcançada graças ao povo baiano, que foi às ruas e caçou os portugueses. Nessa luta, devemos dar o devido destaque à líder Maria Felipa, mulher, negra, e heroína excluída dos relatos oficiais, que liderou um grupo de mulheres na Ilha de Itaparica durante o combate. Mas como Maria Felipa, várias outras heroínas negras que participaram de momentos históricos do nosso país não aparecem na história oficialmente contada.
No Brasil, a desigualdade e opressão às mulheres negras começaram há cinco séculos, com a invasão do país pelos portugueses e com a violação colonial perpetrada pelos senhores brancos contra as mulheres negras e indígenas. A mistura daí resultante está na origem de todas as construções de nossa identidade nacional. Essa violência sexual colonial é, também, o “cimento” de todas as hierarquias de gênero e raça, presentes em nossa sociedade.
Em 25 de julho é comemorado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha e também o dia Municipal da Mulher Negra, em Salvador. As mulheres negras tiveram uma experiência histórica diferenciada que o discurso clássico sobre a opressão da mulher não tem reconhecido, assim como não tem dado conta da diferença que o efeito da opressão sofrida teve e ainda tem na identidade feminina delas. O 25 de Julho tenta romper com o mito da mulher universal e evidenciar as etnias, suas especificidades e desigualdades. Foi preciso destacar uma data para simbolizar quem somos e como vivemos.
Segundo estatísticas, as mudanças nas relações sócio-econômica, política e cultural, foram importantes, mas não realizaram transformações em estruturas como o sexismo, o racismo e a exclusão social. Em nosso país, esta perversa realidade é responsável pela situação de vulnerabilidade em que se encontra a maioria das mulheres negras.
No Brasil, as mudanças ocorridas no plano político, por exemplo, não significa que vivamos em perfeito estado democrático. A democracia pressupõe o efetivo exercício do ir e vir. Isto não é uma realidade para a população afrodescendente. As mulheres negras têm cidadania incompleta. A situação sócio-econômica, política e cultural delas, no geral, é muito ruim. Encontramo-nos abaixo da linha da pobreza, possuímos uma baixa escolaridade e estamos em situação de exclusão social.
Nós mulheres negras, neste inicio de século, ainda precisamos de políticas públicas em relação à saúde; à violência sexual e racial; ao trabalho; à educação e à habitação. Somos frequentemente agredidas ideologicamente, através da negação de nossa identidade. Sofremos a imposição dos padrões estéticos brancos e somos vítimas da exploração sexual e comercial da nossa imagem, principalmente nos meios de comunicação
No mercado de trabalho, mulheres negras detêm as maiores taxas de desemprego. As negras chegam a receber rendimentos 55% menores que os salários das mulheres brancas e constituem a maioria das trabalhadoras do mercado informal. De acordo com os dados do levantamento da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, brancas recebem em média, 4,6 salários mínimos, enquanto negras apenas 1,9 salário mínimo. Além disso, as últimas exercem as ocupações consideradas de maior vulnerabilidade, como a de trabalhadora doméstica.
As mulheres estão em pequeno número nos espaços de representação política, não atingindo a cota de 30% estabelecida em lei. No que se refere às mulheres negras o quadro piora. Estamos longe de atingir os espaços institucionais de poder, pois temos a menor taxa de escolarização e o menor acesso ao nível superior. Somos as maiores vítimas das desigualdades sociais, da violência, e da pobreza. Por isso, é importante que o 25 de julho seja visto como um passo na construção de uma sociedade onde as diferenças raciais, assim como as de gênero e classe, sejam erradicadas.


segunda-feira, 1 de agosto de 2011

"HOJE É MEU ANIVERSÁRIO CORPO CHEIO DE ESPERANÇA UMA ETERNA CRIANÇA, MEU BEM...!!!!"


 
E no dia o2 de Agosto de 1980... eis que vem ao mundo!
Uma menina negra, de olhos, negros, cabelos crespos, olhar singelo, sorriso largo, coração apaixonado, personalidade forte, sonhos imensos, desejos intensos, amores sedentos, amiga parceira, inimiga indiferente...
Filha de José e Regina, caçula de seis irmãos (Cau, Valda, Dinha, Fio, Didiu e Ninho) paparicada, amada, agraciada por todos eles...
Tia de João, Artur, Breno, Irlan, Ismael, Gabriel, Emille, Thay, Jéssica e Luna, amores de uma vida inteira, com eles reencontro a menina em mim...
Criança levada, adolescente inconstante, jovem sonhadora, mulher feminista, determinada, emancipada, sedutora, harmoniosa, feliz com tudo que possui!
Assim sou eu!!!
Na busca constante de ressignificar a vida!
Hoje é meu Aniversário!!!!!!
Luanna Rodrigues