Iniciando nossa conversa quero compartilhar com todo (as) a leitura do livro AS ORIGENS E A COMEMORAÇÃO DO DIA INTENACIONAL DAS MULHERES da escritora ANA ISABEL ÁLVAREZ GONZALES. O livro é um mergulho na verdadeira História do dia 8 de Março, ele contesta com alguns mitos sobre tal data como a antiga versão que as comemorações do dia Internacional das Mulheres está relacionado com o incêndio em uma fábrica têxtil nos E.U.A culminando na morte de várias operárias.
Através de dados históricos e a partir de uma profunda pesquisa a autora desvenda a real história sobre o DIA INTERNACIONAL DAS MULHERES e nos revela que as comemorações para essa data emergem de um processo histórico de luta defendido e idealizado por várias mulheres que buscavam a sua emancipação. GONZALES destaca Clara Zetkin “a mulher que tornou possível a celebração do dia Internacional da Mulher”. Estudiosa, excelente oradora, militante do Partido Social Democrata Alemão, Clara defendia o movimento de luta das mulheres socialistas e se dedicava a causa das operárias. Assim em 1910, na Segunda Conferência Internacional das Mulheres Trabalhadoras, Clara Zetkin propôs organizar um dia Internacional das Mulheres Trabalhadoras, decidindo que todos os anos, em todos os países, seriam comemorados na mesma data o “Dia das Mulheres” com a palavra de ordem: “O direito de voto para as mulheres unificará nossa força na luta pelo socialismo”.
A autora descreve que no grande ano de 1917 fome, frio, e tribunais de guerra esgotaram a paciência das mulheres operárias e camponesas da Rússia. Então no dia 8 de Março de 1917 (dia 23 de Fevereiro segundo o antigo calendário Russo), as mesmas saíram pelas ruas de Petrogrado reivindicando pelo direito ao voto, revolta contra a escassez de alimento (“pão para os nossos filhos”), retorno de seus maridos das trincheiras. GONZALES afirma que, o início do movimento de greve das operárias foi o estopim para a Revolução de Fevereiro de 1917 na Rússia (Revolução Russa) o que fundamentou a institucionalização do Dia 08 de Março como o dia Internacional das Mulheres, a partir das propostas defendidas por Clara Zetkin.
Por todos esses acontecimentos descritos nesta obra e o verdadeiro significado do dia das mulheres, vale contestar o sentido que hoje em dia a mídia tem atrelado ao 8 de Março, reduzindo a uma data sem caráter revolucionário, transformando-o em um evento de mercado, de homenagens, flores... e reforçando uma feminilidade tradicional, ignorando as diversas manifestações dos movimentos de mulheres que ocorrem em todo o mundo.
Que os movimentos feministas continuem a contrapor essa a lógica do mercado, e que o 8 de Março seja visto como um dia de militância e parte de um projeto de construção dos movimentos de mulheres com caráter político, forte, capaz de atuar com outros movimentos sociais, articulando a luta pela igualdade entre mulheres e homens que lutam pela superação do modelo capitalista, patriarcal e racista. Que sejam esses os eixos estruturadores dos movimentos de mulheres, feministas e socialistas.